Tudo aquilo que as pessoas testemunharam-me defendendo desde 1999 no Sindicato dos Rodoviários de Passo Fundo e no Sindiurb de Passo Fundo, agora em 2012 aproximadamente 11 anos após o inicio da minha luta, estão sendo confirmados por varios pesquisadores, ou seja, tudo aquilo que sempre defendi, confirmam-se agora, sendo que em um estudo publicado na Revista Brasileira de Medicina do Trabalho, realizado pelo Dr. Éber Assis dos Santos Júnior, médico especialista em Clínica Médica e em Medicina do Trabalho, também diretor técnico da Unidade de Pronto Atendimento Médico da Prefeitura de Belo Horizonte.
O Dr. Éber demonstra que o exercício da profissão, nas atuais condições de trabalho desses motoristas de ônibus, é altamente prejudicial à saúde, causando inúmeras formas de sofrimento físico e mental, adoecimentos frequentes e morte prematura, explorados que são em todos os sentidos.
Revendo a literatura médica dos últimos 15 anos sobre os danos causados à saúde dos motoristas, o Dr. Éber constatou que essa categoria é submetida a fatores tão degradantes na rotina profissional que seus integrantes chegam a estar expostos a todos os tipos de doenças relacionadas ao trabalho.
As péssimas condições de assistência médica, o estresse constante, o estado precário de conservação dos ônibus, a longa jornada de trabalho, os altos níveis de ruído e calor e a exposição prolongada a poluentes químicos. Esses são alguns dos fatores que ameaçam diretamente a saúde desses trabalhadores.
A triste constatação é também um agravante que torna ainda mais indecente a atitude difamatória dos governos e do patronato, inclusive do seu monopólio nos meios de comunicação. De braços dados, tentam jogar a população contra os motoristas urbanos e rodoviários, desqualificando a categoria frente ao povo sempre que ela se organiza e entra em greve evidenciando algumas de suas justas e incontornáveis reivindicações.
Alguns pesquisadores a consideram "uma das mais insalubres e estressantes profissões". Os motoristas sofrem um nível de estresse no trabalho muito acima da média. Demonstraram que eles estão submetidos a riscos maiores de desenvolver doenças coronarianas. Foram comparados os níveis de tensão da população em geral com o desses profissionais — e com exames de tensão arterial deles próprios antes da admissão nas empresas rodoviárias. O resultado indicou que o nível de hipertensão arterial dos motoristas é significativamente maior.
Em geral, os casos acusam que os milhões de pessoas que utilizam o ônibus diariamente para trabalhar, estudar ou para qualquer outra atividade social, compartilham com os motoristas ao menos uma parte do estresse e dos riscos à saúde e à vida que esses profissionais enfrentam diariamente sob o jugo do patronato. Um patronato que, não satisfeito e ao primeiro sinal de indignação, tenta jogar os passageiros contra seus empregados, e seus empregados contra os passageiros — trabalhadores contra trabalhadores.
Principalmente em situações de greve, quando os grandes patrões promovem campanhas de difamação, mas também no cotidiano do trabalho rodoviário — através de ameaças explícitas quanto a cumprimentos de horários, burlas à lei de gratuidade, etc. Situações que penalizam todos os que vivem por suas próprias mãos. Os que exploram o transporte público — vale dizer, os que exploram a necessidade de o público ser transportado pelos que monopolizam o transporte — desafiam, assim, constantemente a autoridade do povo trabalhador.
O Dr. Éber Assis dos Santos Júnior, consciente dos problemas políticos e dos problemas de saúde, encerra seu estudo dizendo:
"A implementação de mudanças no processo de trabalho (condições e ambiente de trabalho) de motoristas de ônibus é necessária, visando minimizar as repercussões do trabalho sobre a saúde destes trabalhadores. Esta implementação de mudanças deve contar com a participação dos trabalhadores, enquanto sujeitos de sua vida e sua saúde, capazes de contribuir com o seu conhecimento para o avanço da compreensão do impacto do trabalho sobre o processo saúde-doença e de intervir politicamente para a transformação desta realidade, ou melhor, desta triste realidade".
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.