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DESTAQUE

A HISTORIA DA ACADEMIA E DO ESPORTE EM PASSO FUNDO

domingo, 31 de outubro de 2010

COMO MELHORAR VERDADEIRAMENTE AS NOSSAS VIDAS E O BRASIL

A verdadeira mudança do Brasil, se faz na base da pirâmide, é o povo que precisa mudar, isto é um fato incontestável, todo mundo fala em político corrupto, mas o a corrupção começa na base, quando o eleitor em época de eleição vende seu voto por alguma coisa ou troca por algum favor, ele esta automaticamente elegendo os corruptos, temos a seguinte situação real e verídica no nosso cotidiano; “político corrupto é reflexo de eleitor corrupto.” Com Base no meu conhecimento adquirido desde a minha infância, de uma vida inteira de militância política, afirmo com certeza absoluta, que a única saída para mudarmos a realidade atual, e buscarmos uma sociedade mais participativa, ativa e igualitária, devemos obedecer os seguintes principios;

1. Extinguirmos definitivamente a obrigatoriedade do voto. Esta ação tão simples alteraria completamente todo o panorama político no Pais, os níveis Municipais, Estaduais e Federais seriam totalmente modificados, resultando em uma maior ação voltada para a população,

2. Emissão de extrato comprobatório. O extrato identificaria os candidatos nos quais o eleitor votou, e as suas respectivas funções, especificando a seção eleitoral, zona eleitoral, data e horário do voto, o extrato seria emitido pela própria urna eletrônica, no ato final da operação de cada eleitor.

3. Proibição da recandidatura e da recondução ao cargo. O candidato somente poderia candidatar-se à cargos ainda não ocupados, sendo eleitos por apenas um mandato, Exemplo; uma vez vereador, uma vez prefeito, uma vez deputado estadual, uma vez governador, uma vez deputado federal, uma vez senador, uma vez presidente,

4. Proibição da propaganda política gratuita e da paga. O candidato somente seria eleito pelo seu próprio trabalho, e pelo trabalho de sua equipe de apoio, eliminando totalmente as praticas publicitárias e de marketing, que enganam a população induzindo-os ao erro, que beneficia somente os candidatos inescrupulosos.

5. Exigência da naturalidade ao cargo pretendido. O candidato somente poderia concorrer para vereador na sua cidade natal, em outra não, somente poderia concorrer a governador no seu estado natal, em outro não, esta ação garantiria ao cidadão benefícios realmente voltados para a comunidade local de origem.



Portanto, a solução esta ao alcance de todos, o atual sistema de levar vantagem, enganando, mentindo, trocando favores, comprando votos, e que garante à uma minoria uma vida luxuosa, rica, com ostentação e poder, acabaria por completo, ficando a seguinte pergunta para cada um de nós respondermos, “a quem interessa a continuidade da atual forma de atuação e operação política?”, a solução está ai, ela é real e existe, é verdadeira, e não é utópica, basta trabalharmos localmente para melhorarmos globalmente.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O ZELADOR DA FONTE E OS POLITICOS




Conta uma lenda austríaca que em determinado povoado havia um pacato habitante da floresta que foi contratado pelo conselho municipal para cuidar das piscinas que guarneciam a fonte de água da comunidade.

O cavalheiro com silenciosa regularidade, inspecionava as colinas, retirava folhas e galhos secos, limpava o limo que poderia contaminar o fluxo da corrente de água fresca. Ninguém lhe observava as longas horas de caminhada ao redor das colinas, nem o esforço para a retirada de entulhos.

Aos poucos, o povoado começou a atrair turistas. Cisnes graciosos passaram a nadar pela água cristalina. Rodas dágua de várias empresas da região começaram a girar dia e noite. As plantações eram naturalmente irrigadas, a paisagem vista dos restaurantes era de uma beleza extraordinária.

Os anos foram passando. Certo dia, o conselho da cidade se reuniu, como fazia semestralmente. Um dos membros do conselho resolveu inspecionar o orçamento e colocou os olhos no salário pago ao zelador da fonte. De imediato, alertou aos demais e fez um longo discurso a respeito de como aquele velho estava sendo pago há anos, pela cidade.

E para quê? O que é que ele fazia, afinal? Era um estranho guarda da reserva florestal, sem utilidade alguma. Seu discurso a todos convenceu.

O conselho municipal dispensou o trabalho do zelador.

Nas semanas seguintes, nada de novo. Mas no outono, as árvores começaram a perder as folhas. Pequenos galhos caíam nas piscinas formadas pelas nascentes.

Certa tarde, alguém notou uma coloração meio amarelada na fonte. Dois dias depois, a água estava escura. Mais uma semana e uma película de lodo cobria toda a superfície ao longo das margens. Os cisnes emigraram para outras bandas. As rodas dágua começaram a girar lentamente, depois pararam. Os turistas abandonaram o local. A enfermidade chegou ao povoado..

O conselho municipal tornou a se reunir, em sessão extraordinária e reconheceu o erro grosseiro cometido. Imediatamente, tratou de novamente contratar o zelador da fonte.

Algumas semanas depois, as águas do autêntico rio da vida começaram a clarear. As rodas dágua voltaram a funcionar. Voltaram os cisnes e a vida foi retomando seu curso.

Assim como o conselho municipal da pequena cidade, somos muitos de nós que não consideramos determinados servidores. Aqueles que se desdobram todos os dias para que o pão chegue à nossa mesa, o mercado tenha as prateleiras abarrotadas.

Que os corredores do hospital e da escola se mantenham limpos. Há quem limpe as ruas, recolha o lixo, dirija o ônibus, abra os portões da empresa. Servidores anônimos. Quase sempre passamos por eles sem vê-los. Mas, sem seu trabalho o nosso não poderia ser realizado ou a vida seria inviável.

O mundo é uma gigantesca empresa, onde cada um tem uma tarefa específica, mas indispensável. Se alguém não executar o seu papel, o todo perecerá. Dependemos uns dos outros. Para viver, para trabalhar, para sermos felizes!

O EUCALIPTO NÃO É VILÃO


Autor muskytu 27/06/2005

Autor: Marc Dourojeami - foi professor e decano da Faculdade Florestal da Universidade Nacional Agrária de Lima, Peru e Diretor Geral Florestal desse país. Atualmente é Presidente da Fundação ProNaturaleza.

Para alguns ambientalistas o eucalipto é um dos piores inimigos da natureza. Querem que o eucalipto seja destruído, extirpado ou, pelo menos, banido da face do Brasil. O acusam dos crimes mais odiosos, desde ter destruído a Mata Atlântica, assassinar outras espécies e esterilizar as terras roubando sua água até de ser um agente do imperialismo (australiano, neste caso) disfarçado de verde.

Não se sabe de onde vem esta raiva contra o eucalipto, cuja máxima expressão foi o intento, poucos anos atrás, de proibir seu cultivo no estado do Espírito Santo. Mas, na defesa de alguns ambientalistas que sofrem desse persistente trauma mental, deve-se reconhecer que existe um antigo debate entre os profissionais florestais sobre o comportamento do eucalipto em condições diversas de solo e de clima. O Departamento Florestal da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) tem dedicado muitos meses de consultoria de grandes especialistas mundiais - que produziram sisudos relatórios técnicos - e organizado vários eventos para analisar e debater os resultados. Nenhum dos profissionais consultados, em momento algum, achou que o eucalipto é uma planta maldita ou “antiecológica”. Apenas discutiram quais são as condições ecológicas onde essa árvore pode ser mais, ou menos, conveniente. Especialmente em termos de conservação de solos e de seu impacto sobre outras espécies.

O eucalipto ( Eucalyptus ) não é apenas uma espécie, e sim, cerca de 800 espécies. Todas originárias da Austrália, algumas extensamente cultivadas no mundo hoje, especialmente na América Latina, aonde chegaram no século XIX. Portanto, os riscos ambientais do eucalipto são, a priori, os mesmos que os que provocam qualquer outra planta exótica importada pelos colonizadores ou pelas nações da região. Por isso, chama a atenção o fato de que alguns ambientalistas se preocupem tanto com o eucalipto e não com os impactos de tantas outras plantas exóticas cultivadas, como o café, a cana-de-açúcar e também a soja, que ocupam espaços muitas vezes maiores que o eucalipto. São milhares as plantas exóticas introduzidas no Brasil ou transportadas de regiões diferentes do país para outras áreas, inclusive centenas de árvores madeireiras ou ornamentais. Por exemplo, não se explica o ódio contra o eucalipto e o amor pelos pinheiros do gênero Pinus , que são igualmente exóticos.

Voltando ao eucalipto, foi constatado e confirmado que, quando cultivado em condições extremas, especialmente com largos períodos de déficit hídrico no solo, algumas espécies deste são extraordinariamente bem sucedidas na captação de água, reduzindo a dotação desta para outras plantas. Sabe-se, ainda, que outras espécies de eucalipto podem eliminar plantas competidoras por outros métodos. Essa capacidade faz com que o eucalipto, nessas condições de clima, não seja uma boa opção em pendentes ou outras situações onde existe a possibilidade de erosão dos solos. Porém, a única coisa que essas habilidades indicam é que o eucalipto é uma planta com boa capacidade de superar condições extremas do meio. Além disso, trata-se de uma planta muito resistente a pragas e enfermidades, de rápido crescimento e altamente produtiva. Ademais, o Brasil tem investido muito e realizado grandes progressos no melhoramento genético do eucalipto e no que se refere às técnicas de cultivo desta árvore e de manejo das suas florestas. O eucalipto, como o café, a cana-de-açúcar e a soja, ou como as laranjeiras, mangueiras, parreiras e limoeiros, está no Brasil para ficar.

Uma das acusações mais freqüentes dos ambientalistas contra o eucalipto é que “esteriliza” o ambiente. Bom, é óbvio que uma floresta cultivada de eucalipto, sendo uma monocultura, é biologicamente menos diversa que as florestas da Amazônia, ou da Mata Atlântica, ou que o Cerrado. Embora, outra vez, ela não seja pior que uma monocultura de soja ou de café (sem árvores para sombra). No entanto, diversos estudos recentes demonstraram que plantações de eucalipto que respeitam o código florestal, ou seja, que dispõem de reserva legal e cuidam das áreas de preservação permanente, podem manter grande parte da biodiversidade original. O maior espaçamento entre árvores é um fator que contribui para facilitar a conservação da biodiversidade.

Um estudo de Paulo de Tarso Zuquim Antas e Auro Campi de Almeida ( Aves como bioindicadores de qualidade ambiental. Aplicação em áreas de plantio de eucalipto , Aracruz/Funatura, Espírito Santo, 2003), com 10 anos de observações numa microbacia de 286 hectares (189 ha de eucalipto e 89 ha de floresta nativa), pertencente à Aracruz Celulose, demonstrou a ocorrência de 204 espécies de aves. Destas, 85 usavam os recursos da floresta de eucalipto e os da mata nativa, existindo indivíduos que incluíam os talhões de eucalipto nos seus territórios. Mais importante ainda é o fato de que a curva de acumulação de espécies é igualável a de outras áreas de florestas tropicais da América do Sul e Central. O número de espécies encontradas nas redes foi de 75 por cada 550 capturas. Isto, para dar um exemplo, é mais do que se constata nas florestas naturais ao redor de Manaus. Evidentemente, a colheita da madeira ocasiona transtornos na população que, nesse lapso, retorna ao mato original ou a talhões de eucalipto em crescimento, ainda que o espaço aberto abrigue outro grupo de espécies.

O que o estudo anterior demonstra é que o cultivo de eucalipto, quando é bem feito e respeitando a legislação florestal, está muito longe de ser um esterilizador biológico. Outros numerosos estudos provaram que, muito pelo contrário, os plantios de eucalipto corretamente manejados podem ser um bom aliado da conservação da natureza. Há poucas semanas, em outra empresa florestal, foi encontrada uma feliz família de pumas (suçuaranas), bem resguardada sob os eucaliptos. É muito duvidoso que fatos como esse se constatem nos milhões de hectares cultivados com soja, cana ou algodão no Brasil, inclusive na perspectiva de que se respeite a legislação, o que não é o caso. Com efeito, unicamente os pesticidas utilizados nestes cultivos já envenenariam as aves e demais animais.

É possível que a confusão na cabeça desses ambientalistas venha do fato, bem conhecido, que no Chile a expansão do cultivo do eucalipto, mediante incentivos públicos, foi feita desmatando áreas de floresta nativa que previamente eram exploradas por corte raso. Isso foi um desastre ambiental de proporções continentais. Coisa semelhante, ainda que em escala menor, aconteceu no Brasil com o programa de incentivos para reflorestamento dos anos 1960s a 1980s. Maus “empresários” aproveitaram-se da falta de controle para violar a lei e fazer um caixa dois com o dinheiro público. Isso não deveria ter acontecido, é verdade, mas isso agora é parte da história. Contrariamente, nos Andes tropicais da Bolívia, Peru, Equador e Colômbia, o eucalipto tem sido uma árvore milagrosa a quem seus habitantes devem muito do pouco que têm. Ali, também, foi introduzido pelo pessoal das empresas de mineração, mas rapidamente foi adotado pelas comunidades camponesas e hoje é dominante na paisagem. O mais curioso é que, nas extremas condições andinas, é comum que o eucalipto provoque exatamente o que se reprova no eucalipto no Brasil - onde isso acontece raramente - ou seja, erosão dos solos. Ainda assim, o eucalipto é uma árvore bendita e, nem os ambientalistas se atrevem a falar mal dela em voz alta, embora, em surdina, reclamam que, no lugar do eucalipto, deveria se promover o plantio de espécies nativas ( Polylepis e Buddleia ) e isso realmente está sendo feito. Só que, o eucalipto se desenvolve de três a cinco vezes mais rápido e oferece toras retas ao invés de madeira retorta. E, nesses países, onde as condições de solo e clima são boas, o eucalipto é muito amável com as outras espécies de plantas e animais, que convivem bem com ele.

O Brasil, como o resto da América Latina, dispõe de milhões de hectares dedicados a uma pecuária extensiva de baixo valor e de milhões de hectares de solos degradados que poderiam produzir muito mais e de forma ambientalmente muito mais adequada (por exemplo, controlando a erosão, fixando dióxido de carbono, regulando o fluxo hídrico) com plantios de eucalipto (ou de outras espécies florestais, nativas ou exóticas). Diga-se de passagem, nada é mais deprimente que sobrevoar de helicóptero o interior do norte do estado do Espírito Santo e observar tantas e magníficas lagoas rodeadas de terras desmatadas e semi-abandonadas a perder de vista. Seguramente, estariam muito melhor com florestas, ainda que fossem de eucaliptos. De outro lado, nada impede que sejam feitas plantações misturadas de maneira a evitar os riscos potenciais da monocultura. No entanto, isso é mais caro e complexo de se fazer. O argumento dos profissionais e empresários florestais de que a disponibilidade de madeira de plantios - mais barata e homogênea que a das florestas naturais - alivia a pressão sobre as florestas nativas é, sim, perfeitamente válida.O que não pode acontecer é a repetição do mau exemplo dado décadas atrás pelo Chile e o Brasil, derrubando mata natural para plantar eucalipto e pinheiro.

TECNOLOGIA EM RECUPERAÇÃO DE AREAS DEGRADADAS

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, desenvolveu uma metodologia de recuperação de áreas degradadas, usando microorganismos do próprio solo associados a espécies vegetais. A técnica permite a revegetação rápida, mesmo nos locais onde o subsolo já está exposto. Por conta do projeto, os pesquisadores já estudaram mais de 600 espécies de plantas nos laboratórios da Embrapa. O custo total do projeto foi de R$ 395 mil.




Estima-se em mais de 200 milhões de hectares as áreas degradadas no Brasil. Ações como mineração, construção de estradas, represas e áreas industriais resultam em impacto imediato sobre o solo. Existem várias técnicas que permitem revegetar áreas degradadas, inclusive utilizando camadas férteis do solo, de outros locais, como forma de permitir o estabelecimento da vegetação.

Nos processos tradicionais de revegetação e recuperação das áreas nos casos extremos de degradação, as alternativas usadas têm sido a adição de grandes quantidades de compostos orgânicos ou a transferência de terra fértil para as áreas degradadas. A primeira alternativa é viável nas cidades com compostagem de lixo urbano, enquanto a segunda, representa a transferência de um problema para o outro. Nos dois casos, o custo do transporte é bastante elevado. Além disso, como os principais nutrientes minerais são perdidos em solos sem matéria orgânica, há a necessidade de fazer uma adubação, o que torna ainda maior o custo do processo. O método desenvolvido pela Embrapa é uma alternativa viável principalmente para as comunidades de baixa renda, agricultores e muitas prefeituras.

A metodologia já foi aplicada em diversas regiões do Brasil e com resultados positivos. Em Angra dos Reis, litoral sul do Estado do Rio de Janeiro, foi recuperada uma área de encosta. Em Porto Trombetas, no Pará, foi recuperada uma área de rejeitos de bauxita, na Mineração Rio Norte; Em Paracatu, Minas Gerais, está sendo desenvolvido um trabalho de recuperação de uma área degradada pela exploração do ouro, na Rio Paracatu Mineração.



A técnica, que é bastante econômica, vem chamando atenção de órgãos internacionais e já está sendo exportada para o Peru. Por meio de um convênio entre a Agência Brasileira de Cooperação, do Ministério das Relações Exteriores, e o Governo do Peru, os pesquisadores brasileiros Avílio Franco e Eduardo Campello, da Embrapa Agrobiologia, estão implantando a metodologia na região do Hapethue. O objetivo é recuperar uma área de 80 quilômetros quadrados na bacia amazônica peruana, degradada pela exploração do ouro.

A tecnologia pode ser usada também por agricultores (recuperação de áreas nos diversos níveis de degradação, até estabilização e recuperação e estabilização de voçorocas), órgãos e empresas públicas (revegetação de encostas, áreas de eslizamentos de terra, recomposição de áreas de empréstimo, projetos habitacionais, construção de represas etc.), empresas de mineração e indústrias (recuperação de áreas mineradas, cobertura vegetal de rejeitos, bioremediação).



A técnica é extremamente econômica. Em Angra dos Reis, foram realizadas algumas opções de orçamento para a recuperação de uma encosta. Os valores ficaram, por metro quadrado de parede construída: concreto com pedras - US$ 165,00; parede de concreto armado - US$ 591 e preparo da encosta e revegetação - US$ 1,50. Em média, para recuperar o solo com esta tecnologia, é necessário investir R$ 1.250 por hectare.

A tecnologia faz com que seja também um aumento da produtividade do solo, pela adição de Nitrogênio, Carbono e matéria orgânica, proporcionando sustentabilidade dos sistemas produtivos com proteção ao meio ambiente.



Bactérias e Fungos - A utilização de bactérias e fungos acelera o processo de sucessão natural em áreas degradadas. A técnica para recuperar a formação vegetal de áreas com solo empobrecido consiste na associação natural entre bactérias e árvores leguminosas, criando assim mudas de plantas mais resistentes ao solo infecundo.



Para recuperar estas áreas degradadas, os cientistas potencializaram uma associação natural já existente entre bactérias e leguminosas. Por meio desta simbiose (troca entre seres vivos proveitosa para ambos os lados), as bactérias do solo fornecem nitrogênio retirado do ar para a árvore, enquanto recebem carboidratos oriundos da fotossíntese.

Os pesquisadores selecionam em laboratório as linhagens de bactérias mais eficientes e produzem as mudas de árvores associadas a essas bactérias. Depois de uma seleção das melhores mudas, as leguminosas são plantadas em viveiros da Embrapa e encaminhadas à área degradada.

Além do uso das bactérias para enriquecer o solo, os pesquisadores da Embrapa ainda utilizam fungos micorrízicos que vivem no solo e se associam não só às leguminosas, mas também a outras espécies de árvores. Esses fungos aumentam a capacidade de absorção de fósforo e água na planta, além de lhe dar mais resistência em situações de estresse ambiental.

Com a nova técnica, associando bactérias e fungos, além de aumentar a capacidade de recuperação da cobertura vegetal, foi possível também reintroduzir espécies difíceis, que foram beneficiadas pela capacidade de regeneração das leguminosas.

Recuperação de áreas em aeroportos - A Embrapa também vai demonstrar no Ciência para a Vida o trabalho de recuperação de áreas degradadas em aeroportos brasileiros. A tecnologia a ser apresentada está vinculada a uma área de dez hectares que funciona como campo experimental e contribui para o aprimoramento da tecnologia de recuperação de áreas degradadas. O projeto começou no final de 2000 no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro. O sucesso foi tão grande que a Infraero assinou convênio com a Embrapa Solos para atuar em outros 19 aeroportos brasileiros.

A tecnologia considera recuperação de áreas degradadas em três fases distintas, integradas e simultâneas, por meio do emprego de obras civis, práticas mecânicas de manejo e conservação de solo e água, além de técnicas de revegetação diversas. Em todas as etapas dos trabalhos são empregados materiais alternativos de baixo custo, disponíveis nas áreas de trabalho. O retorno econômico e social é muito grande, porém ainda não mensurado.

A MICROBIOLOGIA E O MEIO AMBIENTE

Microbiologia Ambiental estuda os microrganismos, particularmente bactérias e fungos que desempenham papel importante na decomposição de matéria orgânica e a reciclagem dos elementos químicos da natureza (ciclos biogeoquímicos). De modo geral, esses microrganismos efetuam a bioconversão de resíduos orgânicos em combustíveis alternativos como metano, hidrogênio, gás sulfídrico. Por sua vez, a Bioremediação consiste no uso de microrganismos para decomposição de substâncias tóxicas liberadas no meio ambiente devido a acidentes ou à atividade industrial. No processo de reciclagem dos elementos químicos estão envolvidos os ciclos de compostos de C (CO2, CO, CH4, CnHnOn, dentre outros), N (N2, NO, NH3, aminas e compostos orgânicos nitrogenados), S (S, H2S, SO2, S2O3, SO4 e compostos orgânicos de S), Fe (sais de ferro, íons ferrosos e férricos e compostos orgânicos contendo Fe), bem como Mn, Mg, Mo entre outros (sulfato de manganês e compostos orgânicos contendo Mn, Mg, Mo dentre outros), e diversos tipos de compostos contendo oxigênio.


Os microrganismos desse grupo estão também relacionados com a taxonomia e as atividades associadas com as águas dos mares, lagos e rios (Microbiologia Aquática) bem como com o tratamento e reciclagem das águas para torná-las potáveis, tendo em vista que muitos patógenos são transmitidos em águas de beber e águas destinadas à recreação. Muito embora as condições existentes nos ambientes marinhos e de água doce como pH, pressão osmótica, disponibilidade de nutrientes torna os muitos dos microrganismos incapazes de crescer nesses ambientes. Outro aspecto da microbiologia ambiental está associada com o uso de microrganismos para decompor a matéria orgânica no tratamento secundário dos resíduos de esgotos. A avaliação da qualidade desses resíduos é feita através da avaliação quantitativa e qualitativa (ausência de patógenos) para assegurar a correta disposição dos mesmos após o tratamento de efluentes e esgotos (Microbiologia Sanitária)

A Microbiologia do Solo: praticamente todos os microrganismos existentes na natureza possuem representantes no solo. Quando um microbiologista procura um determinado organismo o solo é a sua primeira consulta. Tendo em vista a composição do solo (rochas, minerais, água, gases e matéria orgânica humos) oriunda de vegetais, animais e microrganismos, muitos grupos taxonômicos de microrganismos estão presentes no solo influindo na sua fertilidade, consequentemente também associada à reciclagem dos elementos químicos.

PLANTIO DE ARVORES NATIVAS COM FINS ECONOMICOS


O enriquecimento de florestas secundárias é uma idéia pioneira da Apremavi e tem sido utilizado como uma forma de acelerar os processos naturais de regeneração destas florestas que se encontram presentes na maioria das propriedades rurais do município de Atalanta e da Mata Atlântica. Enriquecer florestas secundárias é aumentar, através do plantio, a quantidade de espécies de árvores e outras plantas em determinada área, contribuindo para o incremento da biodiversidade e para a aceleração na regeneração da floresta.


A araucária é uma das espécies nativas de maior potencial para fins econômicos e seu plantio deve ser estimulado.

O enriquecimento das florestas secundárias, além de trazer vantagens com relação ao incremento da biodiversidade e à aceleração da regeneração da floresta, pode trazer também inúmeras vantagens, como o retorno econômico através da retirada de lenha e uso de espécies como o palmito e a erva-mate.

Um resultado de curto prazo é a produção de até 60 mst de lenha por hectare. Essa lenha é resultante do processo de melhoria da qualidade da floresta, ou seja, a retirada de árvores tortas, danificadas ou mortas. Essa retirada de lenha pode ser repetida a cada cinco anos, como resultado do incremento da floresta. Mesmo que esse montante não seja vendido, ele representa a produção de uma matéria-prima importante para a manutenção de uma propriedade agrícola.

A Bracatinga e a Canafistula também são excelentes espécies para plantio.

Como resultados de médio prazo das atividades de enriquecimento de florestas secundárias, existem várias espécies a serem aproveitadas, entre elas o palmito, a erva-mate, a espinheira santa, bem como árvores nobres como a araucária, cedro, canafístula e outras. O modelo a ser utilizado em cada propriedade dependerá das características da região.

A geração de renda pode ser incrementada com a cultura da erva-mate, onde podem ser plantadas até 833 plantas por ha em espaçamento de 3 x 4, com produção média de 15 kg por planta, e colheita a cada 2 anos. O palmiteiro deve ser plantado em espaçamento 2 x 2 e é ideal realizar manejo com definição de ciclos de corte e reposição. Espécies madeiráveis, como a araucária e o cedro, podem ser plantadas com densidade em torno de 200 plantas por ha.

O enriquecimento de florestas secundárias, em um primeiro momento prevê a realização de corte seletivo de cipós, samambaias e taquaras, a fim de proporcionar condições para posterior corte seletivo de árvores. Preferencialmente, o corte de árvores é de espécies pioneiras, árvores secas, quebradas e aquelas que ocorrem em toiças. Na seqüência são plantadas árvores de acordo com o interesse futuro para a floresta.

AS FUNÇÕES VITAIS DA ARVORE


A árvore é um complexo tecnológico cujas diferentes fábricas estão ligadas por quilómetros de micro canalizações.


A árvore faz troca de água, de oxigénio e de dióxido de carbono com a atmosfera e com o solo. A transpiração: na página inferior, as folhas eliminam o vapor de água ao nível dos estomas.

São orifícios rodeados de duas células que regulam as trocas gasosas em função das variações do meio. Num meio, pode-se medir a transpiração da planta e a evaporação do solo, é a evapotranspiração.

A absorção: os pelos absorventes da extremidade radicular absorvem a água e os sais minerais do solo que constituem a seiva bruta. Ela circula nos vasos do meristema das raízes em direcção às folhas.

A fotossíntese: nas folhas verdes, a clorofila tem um papel de captador solar. Ela utiliza a luz para fabricar os açúcares a partir do dióxido de carbono do ar, da água e da seiva bruta, lançando na atmosfera o dioxigenio.

A respiração: de dia e de noite, tal como os animais, as árvores respiram. Elas absorvem o dioxigénio e expelem o gás carbónico. Os açúcares produzidos graças à fotossíntese circulam nas folhas em direcção às raízes nos vasos do líber, situados no limite da casca.

EXTRATIVISMO E DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL

O processo de desenvolvimento rural, cuja base se sustenta no uso dos recursos naturais, tem causado impactos severos e muitas vezes irreversíveis sobre os ativos ambientais.


A Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável (SEDR), do Ministério do Meio Ambiente, vem atuando com o objetivo de propor políticas para a sustentabilidade ambiental das atividades rurais, para promover uma reorientação das estratégias produtivas em direção a uma economia rural sustentável, ambientalmente responsável e equitativa na repartição de seus benefícios com toda a sociedade.

As iniciativas da SEDR estão focadas no estímulo à produção rural sustentável, contemplando as atividades agrícolas, agroindustriais – enfim, tudo que seja relacionado com as cadeias produtivas que fazem uso dos recursos da sociobiodiversidade e que contribuam com a segurança alimentar e nutricional de povos e comunidades tradicionais.

Atua prioritariamente nos temas voltados para a recuperação de áreas rurais degradadas; a produção sustentável das matérias-primas para os biocombustíveis; a adequação ambiental dos estabelecimentos rurais; o manejo sustentável da propriedade rural familiar; a gestão ambiental dos territórios rurais; o estímulo a sustentabilidade ambiental do turismo; e o apoio ao desenvolvimento de projetos demonstrativos de manejo dos recursos da biodiversidade em diferentes cadeias produtivas, em especial nos sistemas agroflorestais e extrativistas.

Em 2008, o Subprograma de Projetos Demonstrativos (PDA), da SEDR, deu continuidade à execução e monitoramento de 175 projetos espalhados em todos os estados dos biomas Mata Atlântica e Amazônia e apoiou 19 projetos relacionados à articulação de redes e negociação de políticas públicas e apoio à formação de corredores ecológicos e outros estudos ambientais.

No âmbito da gestão ambiental rural, a SEDR avançou na consolidação dos polos implantados pelo Projeto de Gestão Ambiental Rural (Gestar), por meio de suas ferramentas de metodologias de articulação, capacitação, comunicação e elaboração de planos de gestão ambiental rural, induzindo a integração de políticas governamentais que envolvam a participação direta das comunidades.

Por meio do Programa de Desenvolvimento Socioambiental da Produção Rural Sustentável (Proambiente), foram implementados oito polos na Amazônia com objetivo de promover o adequado manejo dos recursos naturais pela produção familiar rural, mediante ações de planejamento da gestão ambiental rural, planejamento integrado das unidades produtivas e da prestação de assistência técnica.

Zoneamento Ecológico-Econômico

Em relação ao ordenamento do território, a SEDR desenvolve o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), em parceria com vários outros ministérios. O ZEE é um instrumento da política ambiental voltado ao planejamento e à gestão sustentável do território. A prioridade do programa tem sido apoiar os estados na elaboração de seus respectivos ZEEs, assim como executar ações de zoneamento associadas ao planejamento e ao desenvolvimento regional.

Os municípios estão começando a adotar o ZEE em suas políticas de desenvolvimento e gestão municipal, especialmente para subsidiar seus planos diretores. Para ajudá-lo nesse processo, existe a possibilidade de se estabelecer parceria com os municípios, mediante cooperação técnica, especialmente se a demanda for apresentada por meio de associações ou consórcios de municípios, já que na maioria das vezes os problemas e as soluções são comuns às cidades vizinhas.

ECOTURISMO E COMBATE A DESERTIFICAÇÃO


Turismo Verde


Nas questões relacionadas ao ecoturismo e à sustentabilidade ambiental do turismo, a SEDR vem estimulando o desenvolvimento do ecoturismo como negócio sustentável, associado à conservação dos espaços e recursos naturais, e promovendo a inserção da dimensão socioambiental no planejamento e gestão da atividade turística. Implementa também mecanismos de fomento a negócios ecoturísticos comunitários e ações de sensibilização da sociedade para a adoção de padrões de consumo sustentáveis de produtos e serviços turísticos.

Até março de 2009, estará consolidada a fase de planejamento do Proecotur Amazônia, com o lançamento da Estratégia para o Desenvolvimento do Turismo Sustentável na Amazônia Legal, que orientará as ações e investimentos no setor, subsidiando a adoção de planejamento do turismo local para os 156 municípios dos 15 polos abrangidos pelo programa.

Povos e Comunidades Tradicionais

No que diz respeito à construção de políticas públicas voltadas para os povos indígenas, a SEDR fomenta seu desenvolvimento sustentável, mediante apoio de projetos para a segurança alimentar e gestão ambiental, com foco na conservação e uso sustentável dos recursos naturais, com respeito à identidade cultural e seus conhecimentos tradicionais, estimulando o fortalecimento de sua autonomia.

No que tange à implementação da política para os demais povos e comunidades tradicionais, a SEDR apóia a consolidação de cadeias produtivas de produtos da sociobiodivesidade, com a recente inclusão na PGPM (Política de Garantia de Preços Mínimos) de dez produtos extrativistas: açaí, babaçu, copaíba, carnaúba, piaçava, buriti, pequi, castanha-do-Brasil, borracha natural e andiroba.

A PGPM é operada pela Conab (do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Também o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) está aberto à aquisição de outros produtos extrativistas alimentares, ampliando a cesta de alimentos ofertados pelo referido programa.

Ações no semiárido

Já o Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação (PAN-Brasil) – coordenado pelo MMA – está centrado na busca da erradicação da pobreza e da desigualda de e no combate à degradação dos recursos naturais no semiárido brasileiro. O PAN também conta com a participação dos ministérios da Integração,do Desenvolvimento Social, do Desenvolvimento Agrário, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, de Ciência e Tecnologia, além da Sudene, do Dnocs, da Codevasf,do Instituto Nacional do Semiárido e da ONG ASA ( Articulação do Semiárido) e dos governos do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo e, Minas Gerais.

A GESTÃO DE RECURSOS HIDRICOS


A Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente (SRHU/MMA) é o órgão do Governo Federal responsável pela gestão de recursos hídricos no País.


Nesse setor, o eixo orientador é o Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), um amplo pacto em torno do fortalecimento do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e da gestão sustentável das águas no Brasil.

Lançado em 2006, o Plano está em sua primeira etapa de implementação (2008-2011), com a consolidação de 13 programas e 33 subprogramas que envolvem instituições das três esferas governamentais. No âmbito municipal, esse processo acontece por meio de programas como o “Usos Múltiplos e Gestão Integrada de Recursos Hídricos” e o “Programa Nacional de Águas Subterrâneas”, que em linhas gerais tratam dos temas do uso e ocupação do solo e abastecimento de água, competências dos municípios.

Para a gestão de recursos hídricos, além do município ter um espaço de participação legitimado no PNRH, é importante destacar seu papel nos Comitês de Bacia, base dos Sistemas Estaduais e Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Os comitês são compostos por representantes dos setores usuários, da sociedade civil organizada, do poderes públicos municipais, estaduais e federal, que tratam de assuntos relacionados à bacia hidrográfica, desde a resolução de conflitos a definições sobre a cobrança dos recursos hídricos. Já funcionam oito comitês em rios de domínio da União e mais de 140 em rios de domínios estaduais.

A SRHU/MMA também coordena, em parceria com outros 16 ministérios, o Programa de Revitalização de Bacias Hidrográficas (PR-BH), que objetiva promover a recuperação, a conservação e a preservação das bacias hidrográficas nacionais em estado de degradação ambiental; além da prevenção e diminuição de potenciais impactos decorrentes da implantação de projetos e da crescente ação humana com elevado comprometimento ambiental dessas bacias. O programa já atua nas bacias hidrográficas dos rios Tocantins-Araguaia, Paraíba do Sul, Parnaíba, Sinos, Alto Paraguai (Pantanal) e São Francisco, sendo que neste último as ações integradas para revitalização estão em estágio mais avançado.

Com o compromisso de garantir o uso sustentável dos recursos hídricos e a sustentabilidade socioambiental, a SRHU/MMA é responsável pelo Programa Água Doce (PAD), que busca estabelecer uma política pública permanente de acesso à água de boa qualidade para o consumo humano, promovendo e disciplinando a implantação, a recuperação e a gestão de sistemas de dessalinização, ambiental e socialmente sustentáveis, para atender, prioritariamente, às populações de baixa renda em comunidades rurais do semiárido. Desde sua criação, já foram beneficiadas mais de 40 mil pessoas em 42 localidades de seis estados do Nordeste. Pretende-se atingir os demais estados da região ainda em 2009.

Vale destacar que, para o acesso a qualquer recurso da União (convênios, contrato de repasse, termo de cooperação), os municípios devem encaminhar suas propostas de projetos via Sistema de Convênios (SICONV) , pelosítio www.convenios.gov.br/siconv, conforme estabelecido no Decreto nº 6.170, de 25 de julho de 2007, e na Portaria Interministerial MPOG nº 127, de 29 de maio de 2008.

COLETA SELETIVA E A RECICLAGEM


O Brasil produz 140 mil toneladas de resíduos sólidos urbanos por dia (IBGE, 2008), e apenas uma pequena fração é reciclada. Reciclagem é o processo de reaproveitamento de materiais descartados realizado por meio da coleta seletiva de lixo, que consiste na separação e recolhimento, desde a origem.


Reciclar é de suma importância para a preservação do meio ambiente e de seus recursos naturais, além de ampliar a vida útil dos aterros sanitários, promover a geração de trabalho, emprego e renda para catadoras e catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis.

O poder público é o responsável pelas etapas de acondicionamento/disponibilização para coleta, tratamento e disposição final ambientalmente adequada de rejeitos sólidos (lixo que não pode ser reaproveitado).

Em nível nacional, o percentual de resíduos recicláveis retirados dos aterros sanitários ainda é baixo, entre 3% e 5%, apesar dos esforços empreendidos pelos municípios brasileiros. O Plano Nacional sobre Mudanças do Clima (PNMC), elaborado pelo Comitê Interministerial e lançado em 2008, expõe a necessidade de mais esforços para que, no Brasil, 20% dos resíduos sólidos sejam reciclados até 2015.

Os municípios que elaboram e implementam planos de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, em que a coleta seletiva pode ser implantada em parceria com cooperativas e associações de catadores, passam a reciclar mais de 20% dos resíduos sólidos gerados.

A Lei de Saneamento Básico nº 11.445/07 prevê que os municípios estruturem sua política de saneamento a partir de planos setoriais. Além disso, a lei é um instrumento jurídico importante porque possibilita que as prefeituras contratem, com dispensa de licitação, organizações (associações ou cooperativas) formadas exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder público como catadoras e catadores de materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública.

Alguns municípios brasileiros criaram leis para estabelecer a Política de Resíduos Sólidos, com instrumentos que permitem atuar de forma efetiva na implantação e implementação da coleta seletiva, seguindo as diretrizes orientadoras do Ministério do Meio Ambiente, em parceria com outros órgãos.

O Governo Federal criou o Comitê Interministerial de Inclusão dos Catadores de Materiais Recicláveis com o objetivo de discutir com o Movimento Nacional de Catadores de Papel políticas públicas e ações que promovam o crescimento da categoria. Também instituiu, por meio do Decreto nº 5.940/2006, no âmbito da administração pública federal direta e indireta, a coleta seletiva solidária dos resíduos recicláveis descartados , destinando - osàsassociações e cooperativas de catadores de materiais recicláveis devidamente habilitadas.

Tramita no Congresso Nacional projeto de lei, enviado pelo Presidente Lula em setembro de 2007, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. No texto do projeto, a coleta seletiva é um instrumento fundamental para praticar a chamada logística reversa, um mecanismo que exige das empresas o compromisso com o d e s tino final de seus produtos , embalagens ou materiais pós-consumo – estimulando assim que os resíduos retornem para a cadeia produtiva. Esse instrumento ainda promove a parceria entre catadores de materiais recicláveis, municípios e a sociedade em geral.

BIODIVERSIDADE E UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


A criação e implementação de unidaes de conservação é realizada em todos os biomas brasileiros. A Amazônia tem um programa específico, o Arpa (Programa de Áreas Protegidas da Amazônia), o maior programa de conservação do planeta, que tem o objetivo de proteger de forma significativa e representativa a biodiversidade da Amazônia brasileira.


A biodiversidade aquática e os recursos pesqueiros também são alvos de ações de conservação por parte da Secretaria de Biodiversidade e Florestas (SBF) do Ministério do Meio Ambiente, como a Campanha de Consumo Legal de Pescados, lançada em 2008. A primeira etapa da campanha trouxe informações sobre as principais espécies de lagostas capturadas no litoral brasileiro e sua área de ocorrência. Apresentou ainda os tamanhos legalmente permitidos e a época em que não se pode capturar esses crustáceos, além de outras informações para que a população possa conhecer melhor esse recurso pesqueiro.

A Secretaria de Biodiversidade e Florestas é responsável pelas políticas e estratégias de promoção do conhecimento, da conservação, da valoração e da utilização sustentável da biodiversidade, do patrimônio genético e do conhecimento das populações tradicionais associado a práticas extrativistas em todos os biomas brasileiros (Amazônia, Cerrado, Pantanal, Caatinga, Mata Atlântica e Pampa).

Lançado pelo MMA, com dados atualizados de 2006, o Mapa das Áreas Prioritárias para Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira é uma das ferramentas mais conhecidas e eficientes para a conservação da biodiversidade e também uma das fontes de informações que subsidiam a criação de unidades de conservação.

Há também o Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (CNUC), um sistema integrado de banco de dados com informações padronizadas das Unidades de Conservação geridas pelos três níveis de governo (União, estados e municípios) e por particulares.Para saber em qual situação se encontra o território de seu município, acesse o mapa no sítio da Secretaria de Biodiversidade e Florestas.

No âmbito municipal, ainda não há informações sobre unidades de conservação, mas acessando o mapa das áreas prioritárias e o CNUC é possível conhecer o banco de dados e entender como integrar a unidade de conservação existente no município em questão aoSistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), contribuindo para o esforço da conservação da biodiversidade brasileira.

Já o Programa Nacional de Florestas (PNF) tem o objetivo de articular as políticas públicas setoriais para promover o desenvolvimento sustentável, conciliando o uso com a conservação das florestas brasileiras. Uma de suas principais ações é a recuperação de áreas degradadas, com iniciativas que promovam o reflorestamento e a manutenção dos remanescentes de florestas, a recuperação e proteção das áreas de preservação permanentes próximas às nascentes, das áreas que margeiam os corpos d’água e dos mananciais hídricos.

PROGRAMA AGUA DOCE


Programa Água Doce (PAD) é uma ação do Governo Federal coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente, por meio da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano, em parceria com instituições federais, estaduais, municipais e sociedade civil. Visa o estabelecimento de uma política pública permanente de acesso à água de boa qualidade para o consumo humano, promovendo e disciplinando a implantação, a recuperação e a gestão de sistemas de dessalinização ambiental e socialmente sustentáveis para atender, prioritariamente, as populações de baixa renda em comunidades difusas do semi-árido.


Lançado em 2004, o PAD foi concebido e elaborado de forma participativa durante o ano de 2003, unindo a participação social, proteção ambiental, envolvimento institucional e gestão comunitária local. Possui como premissas básicas o compromisso do Governo Federal de garantir à população do semi-árido o acesso à água de boa qualidade, além de ser amparado por documentos importantes como a Declaração do Milênio, a Agenda 21 e deliberações da Conferência Nacional do Meio Ambiente.

O PAD está estruturado em quatro componentes: gestão, pesquisa, sistemas de dessalinização e sistemas de produção. O componente da gestão é responsável pela formação de recursos humanos, elaboração de diagnósticos técnicos e ambientais, pela mobilização social, sustentabilidade ambiental, manutenção e operacionalização dos sistemas, além de dar o apoio ao gerenciamento e manutenção dos sistemas. O componente pesquisa é direcionado à otimização dos sistemas de produção com o aprofundamento dos conhecimentos em plantas halófitas, nutrição animal e piscicultura.

Com o compromisso de garantir o uso sustentável dos recursos hídricos, promovendo a convivência com o semi-árido a partir da sustentabilidade ambiental e social, o PAD beneficia mais de 40 mil pessoas em 58 localidades do Nordeste, ampliando suas ações para garantir o acesso à água de qualidade nas comunidades difusas do semi-árido.

GLOSSARIO DE LEGISLAÇÃO

Códigos: É a denominação que se dá a todo conjunto de leis compostas pela autoridade competente, normalmente pelo Poder Legislativo, enfeixadas num só corpo e destinadas a reger a matéria, que faz parte, ou que é objeto de um ramo do Direito.

Decisões: É a ação tomada na apreciação de informações. Decidir é recomendar entre vários caminhos alternativos que leva a determinado resultado. As decisões são escolhas tomadas com base em propósitos, são ações orientadas para determinado objetivo e o alcance deste objetivo determina a eficiência do processo de tomada da decisão.

Decretos: São atos administrativos da competência exclusiva do Chefe do Executivo, destinados a prover situações gerais ou individuais, abstratamente previstas, de modo expresso ou implícito, na lei.

Instruções Normativas: são atos administrativos expedidos pelos Ministros de Estado para a execução das leis, decretos e regulamentos (CF, art. 87, parágrafo único, II), mas são também utilizadas por outros órgãos superiores para o mesmo fim.

Lei: É instituído pelo legislador, no cumprimento de um mandato, que lhe é outorgado pelo Povo.

Norma técnica - "É um documento, normalmente produzido por um órgão oficialmente acreditado para tal, que estabelece diretrizes e restrições acerca de um material, produto, processo ou serviço."

Portarias: São atos administrativos internos pelos quais os chefes de órgãos, repartições ou serviços expedem determinações gerais ou especiais a seus subordinados, ou designam servidores para funções em cargos secundários. Por portaria também se iniciam sindicâncias e processos administrativos.

Resoluções: São atos administrativos normativos expedidos pelas autoridades do Executivo (mas não pelo Chefe do Executivo, que só deve expedir decretos) ou pelos presidentes de tribunais, órgãos legislativos e colegiados administrativos, para disciplinar matéria e sua competência específica.

DIFERENÇA ENTRE ATERRO SANITARIO, LIXÃO E ATERRO CONTROLADO

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico realizada pelo IBGE em 2000, coleta-se no Brasil diariamente 125,281 mil toneladas de resíduos domiciliares e 52,8% dos municípios Brasileiros dispõe seus resíduos em lixões.








Um lixão é uma área de disposição final de resíduos sólidos sem nenhuma preparação anterior do solo. Não tem nenhum sistema de tratamento de efluentes líquidos - o chorume (líquido preto que escorre do lixo). Este penetra pela terra levando substancias contaminantes para o solo e para o lençol freático. Moscas, pássaros e ratos convivem com o lixo livremente no lixão a céu aberto, e pior ainda, crianças, adolescentes e adultos catam comida e materiais recicláveis para vender. No lixão o lixo fica exposto sem nenhum procedimento que evite as conseqüências ambientais e sociais negativas.







Já o aterro controlado é uma fase intermediária entre o lixão e o aterro sanitário. Normalmente é uma célula adjacente ao lixão que foi remediado, ou seja, que recebeu cobertura de argila, e grama (idealmente selado com manta impermeável para proteger a pilha da água de chuva) e captação de chorume e gás. Esta célula adjacente é preparada para receber resíduos com uma impermeabilização com manta e tem uma operação que procura dar conta dos impactos negativos tais como a cobertura diária da pilha de lixo com terra ou outro material disponível como forração ou saibro. Tem também recirculação do chorume que é coletado e levado para cima da pilha de lixo, diminuindo a sua absorção pela terra ou eventuamente outro tipo de tratamento para o chorume como uma estação de tratamento para este efluente.





Mas a disposição adequada dos resíduos sólidos urbanos é o aterro sanitário que antes de iniciar a disposição do lixo teve o terreno preparado previamente com o nivelamento de terra e com o selamento da base com argila e mantas de PVC, esta extremamente resistente. Desta forma, com essa impermeabilização do solo, o lençol freático não será contaminado pelo chorume. Este é coletado através de drenos de PEAD, encaminhados para o poço de acumulação de onde, nos seis primeiros meses de operação é recirculado sobre a massa de lixo aterrada. Depois desses seis meses, quando a vazão e os parâmetros já são adequados para tratamento, o chorume acumulado será encaminhado para a estação de tratamento de efluentes. A operação do aterro sanitário, assim como a do aterro controlado prevê a cobertura diária do lixo, não ocorrendo a proliferação de vetores, mau cheiro e poluição visual.

TEMPO APROXIMADO DE DECOMPOSIÇÃO DOS MATERIAIS

tabela de tempo de decomposição de materiais é um poderoso instrumento de sensibilização que, invariavelmente, faz as pessoas pensarem na sua responsabilidade individual com relação ao lixo. Há porém, muita variação da informação . Isso se deve ao fato de que o tempo de decomposição deverá variar de acordo com as condições do solo ou ambiente em que os materiais foram descartados. A campanha do Ziraldo por exemplo se refere a materiais descartados na água do mar que tem condições de acidez, oxidação entre outras que vão afetar o material diferentemente do descarte no solo. De qualquer maneira esses dados são incontestes no que se refere ao fato de que o lixo continua existindo depois que o jogamos na lixeira e devemos portanto verificar todas as possibilidades de reintroduzí-lo na cadeia produtiva da reciclagem ou de aumentar o seu ciclo de vida.


Casca de banana ou laranja 2 anos 2 a 12 meses

Papel 3 a 6 meses De 3 meses a vários anos 2 a 4 semanas 3 meses

Papel plastificado 1 a 5 anos

pano 6 meses a 1 ano

Ponta de cigarro 5 anos 10 a 20 anos De 3 meses a vários anos 1 a 2 anos

Meias de lã 10 a 20 anos
                                                                           
Chiclete 5 anos

Madeira pintada 13 anos 14 anos

Fralda descartável 600 anos

Nylon Mais de 3 anos 30 anos

Sacos plásticos 30 a 40 anos

Plástico Mais de 100 anos Mais de 100 anos 450 anos 450 anos

Metal Mais de 100 anos Até 50 anos 10 anos 100 anos

Couro Até 50 anos

Borracha Tempo indeterminado

Alumínio 80 a 100 anos Mais de 1000 anos 200 a 500 anos 200 a 500 anos

Vidro 1 milhão de anos Indefinido Mais de 10 mil anos Indeterminado 4 mil anos

Garrafas plásticas Indefinido     

Longa vida 100 anos

Palito de fósforo 6 meses

A Variação Geomorfoclimática

influência na linha temporal da decomposição dos residuos.

COLETA SELETIVA, USINA DE RECILCLAGEM OU COMPOSTAGEM

Extraido do livro "Coleta Seletiva - Reciclando Materiais, Reciclando Valores" de Elizabeth Grimberg e Patricia Blauth

(publicado pelo Instituto Pólis, São Paulo, 1998).

A usina de lixo é um conjunto de máquinas (esteira rolante, eletroímãs, peneiras, etc.) e funcionários que separam da massa principal de lixo, que será transformada em adubo, os objetos recicláveis. Segundo alguns especialistas, as usinas vendidas no Brasil têm tecnologia obsoleta, transferida dos países desenvolvidos para os países pobres. Num programa de coleta seletiva, a usina é a própria comunidade, separando resíduos nos domicílios e estabelecimentos, e alguns funcionários que concluem esta separação, sem necessidade de maquinário especial, numa central de triagem. Do lixo que chega a uma usina recupera-se, em média, 3% de recicláveis. Na usina da Vila Leopoldina, em São Paulo, a recuperação de recicláveis é da ordem de 1,5 %! (LIMPURB-PMSP, 1999). Papel e papelão, presentes em grande quantidade no lixo urbano, são quase sempre perdidos por estarem sujos de resíduos orgânicos e misturados com papéis sanitários. A produção de rejeitos (tudo aquilo que não se aproveita da triagem, retornando ao lixão ou aterro, como as embalagens compostas de vários materiais ou a vácuo, papel carbono, isopor, tecidos, etc.) é de 42%, em média. Em São José dos Campos, SP, chega a 71%! A eficiência das operações está diretamente ligada à competência e boa vontade dos funcionários nas esteiras, o que torna o processo muito vulnerável, e não conta com o auxílio prévio da população. Num programa de coleta seletiva recupera-se cerca de 90 % de recicláveis - os 10 % restantes são rejeito. O composto orgânico formado na usina contém cacos de vidro, tampinhas e outras miudezas inorgânicas que "escaparam" da triagem, e às vezes está contaminado com metais e líquidos tóxicos (que vazam de pilhas, por exemplo). Um estudo realizado em 21 usinas de alguns estados brasileiros revelou a presença de metais pesados - como mercúrio, chumbo e cobre - no composto orgânico em diferentes estágios de maturação. Essa baixa qualidade do composto levou a usina de Araras, no interior de São Paulo, por exemplo, a estocar 9 mil toneladas deste composto, para as quais não havia compradores interessados. Segundo os pesquisadores, os níveis de contaminação poderiam baixar de duas formas: a) tornando o processo aeróbico, o que exige um acompanhamento mais especializado e um tempo de maturação maior e, basicamente, b) fazendo-se uma separação prévia dos resíduos através da coleta seletiva (Debates Sócio-Ambientais, 1995). Já o resíduo orgânico coletado seletivamente pode ser compostado em montes com umidade e arejamento adequados. Isso não exige máquinas, pois o material já vem separado pela população. Os materiais separados na usina, devido à sujeira e contaminação, valem muito menos no mercado de recicláveis que aqueles coletados seletivamente. Este valor é normalmente determinado por decreto, enquanto que o dos recicláveis oriundos de programas de coleta seletiva é negociado livremente com sucateiros e indústrias. Uma usina costuma ser apresentada (e vendida!) a administradores municipais como um equipamento milagroso, que consegue "dar um fim ao problema do lixo" (segundo diversos prospectos e folders de propaganda), dispensando outras alternativas para seu tratamento e, ainda, gerando lucro. É bom lembrar que sua operação tem custo alto, exigindo troca periódica de peças e um tempo "de descanso" para manutenção. O retorno financeiro de uma usina é nulo. Não há nenhuma usina brasileira que seja, sequer, auto-sustentável. A receita da usina de Vitória, ES, por exemplo, cobre apenas 30 % de suas próprias despesas. Apesar destes evidentes inconvenientes, muitas usinas se mantém no País, operadas por empreiteiras remuneradas pelas prefeituras de acordo com o número de toneladas de lixo processadas. Se a produtividade deste serviço, e respectivo pagamento, fosse em função das toneladas efetivamente recuperadas, tanto de recicláveis quanto de compostáveis, talvez as operadoras tivessem mais interesse em aprimorar o rendimento da triagem, diminuindo os rejeitos do processo que acabam indo para lixões e aterros. Mais grave, porém, que todos estes aspectos operacionais, é o fato de que a instalação de uma "usina de lixo" numa cidade não contribui para uma reflexão em torno do desperdício e da geração de resíduos. Pelo contrário, alivia a consciência da comunidade, que se sente no direito, graças à nova parafernália tecnológica, de consumir livremente e descartar tudo aquilo que não quer mais... Por último, considerando o fato de que a "usina não recicla nenhum material, apenas separa os materiais..." sugere-se que o termo mais apropriado para este tipo de instalação seja Centro de Triagem e Recuperação da Matéria Orgânica (CASTRO, 1996).

PAVIMENTAÇÃO ASFALTICA É UMA ALTERNATIVA PARA O REUSO DE PNEUS

Artigo publicado na Revista Limpeza Pública nº 54 de janeiro de 2000

Por Sandra Ap. Margarido Bertollo, José Leomar Fernandes Júnior,

Romulo Barroso Villaverde e Delchi Migotto Filho



O que fazer com pneus velhos? De lenta degradação, constituem-se em um dos grandes problemas ambientais modernos. Contudo, começam a surgir interessantes alternativas de reutilização, entre as quais, a pavimentação asfáltica.

O pneu possui papel fundamental e insubstituível em nossa vida diária, tanto no transporte de passageiros quanto no de cargas. Entretanto, quando tornam-se inservíveis, acarretam uma série de problemas: são objetos perceptíveis e incomodamente volumosos, que precisam ser armazenados em condições apropriadas para evitar riscos de incêndio e proliferação de mosquitos e roedores. A disposição em aterros torna-se inviável, já que apresentam baixa compressibilidade e degradação muito lenta. Além disso, quando enterrados, tendem a subir e sair para a superfície (EPA, 1991; JARDIM, 1995).

Considerando a dificuldade para a disposição das carcaças de pneus em aterros sanitários e a falta de uma legislação para controle da destinação adequada desses resíduos, tem havido uma tendência da população em abandonar os pneus em cursos de água, terrenos baldios e beiras de estradas, que agravam ainda mais o problema. Todo pneu, em algum momento, se transformará em um resíduo potencialmente danoso á saúde pública e ao meio ambiente. Para acabar com isso, uma solução adequada à sua destinação final deve ser adotada. Pesquisas vêm sendo realizadas, particularmente no exterior, em busca do desenvolvimento de novas tecnologias de reutilização, seja na forma inteira, como borracha reciclada, ou como combustível, na geração de energia.


Na sua forma inteira, os pneus podem ser aplicados em obras de contenções nas margens de rios para evitar desmoronamentos; como recifes artificiais, na construção de quebra-mares; na construção de equipamentos para parques infantis; no controle de erosão etc. Inteiros podem, ainda, ser utilizados como combustível em fábricas de celulose e papel, em fornos de cimento e em usinas termelétricas (EPA, 1991).

O pneu apresenta uma estrutura complexa, formada por diversos materiais como: borracha, aço e tecido (náilon ou poliéster), que visam conferir as características necessárias ao seu desempenho e segurança. Do ponto de vista ambiental, a reciclagem dessas matérias-primas seria a solução mais satisfat—ria, com a condição de se poder recuperar materiais de qualidade a um custo energético mínimo. Mas o pneu, no sentido exato do termo, não é verdadeiramente reciclável. Isso porque o seu caráter compósito, bem como a irreversibilidade da reação de vulcanização, tornam impossível reobter as matérias-primas iniciais. No entanto, é possível recuperar e reutilizar parte deles. Os pneus são cortados e triturados, em várias operações de separação dos diferentes materiais, que permitem a recuperação dos materiais, obtendo-se borracha pulverizada ou granulada, que irá ter diversas aplicações, como: em misturas asfálticas, em revestimentos de quadras e pistas de esportes, na fabricação de tapetes automotivos, adesivos etc.

É importante observar que, quando analisados os vários mercados para utilização de borracha de pneus inservíveis, somente dois apresentam potencial para utilização de número significativo de pneus: o energético e de misturas asfálticas. Segundo HEITZMAN (1992) e ZANZOTTO & KENNEPOHL (1996), cada tonelada de mistura asfáltica pode incorporar a borracha de 2 a 6 pneus.

Nas misturas asfálticas, existem dois processos - úmido e seco - de incorporação dos pneus. No processo úmido (wet process) são adicionadas partículas finas de borracha ao cimento asfáltico, produzindo um novo tipo de ligante denominado "asfalto-borracha". Já no processo seco (dry process), partículas maiores de borracha substituem parte dos agregados pétreos. Após a adição do ligante, formam um produto denominado "concreto asfáltico modificado com adição de borracha". Para contribuir nesse problema, o Departamento de Transportes da Escola de Engenharia de São Carlos - USP vem realizando pesquisa e estudo de avaliação do processo seco de incorporação de borracha de pneus nas misturas asfálticas.



Volume dos Pneus

Um dos objetivos da pesquisa da Escola de Engenharia de São Carlos é levantar os volumes de pneus descartados e estocados em aterros sanitários de algumas cidades do Estado de São Paulo. Para tanto, foram realizados contatos com prefeituras municipais, feitas visitas técnicas e elaborado questionário, com os seguintes itens: informaçães gerais sobre o aterro, volume de resíduos sólidos gerados e coleta/disposição dos pneus. A tabela 1 apresenta as informações sobre coleta/disposição de pneus obtidas em 12 cidades do Estado de São Paulo: Araatuba, Bauru, Botucatu, Campinas, Limeira, Piracicaba, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, Santos, São José do Rio Preto, São Paulo e Sorocaba.

Com base nos números obtidos, tem-se uma geração anual média per capita para o Estado de São Paulo igual a 0,15, ou seja, aproximadamente seis milhões de pneus são descartados anualmente. Comparando-se com outros países, pode-se suspeitar que esse número esteja subestimado, provavelmente em razão dos vários artifícios utilizados para a disposição clandestina e da falta de recursos para a coibição de tal prática. Na Europa, por exemplo, dois milhões de toneladas de pneus chegam ao fim de sua vida a cada ano. No Canadá, aproximadamente, 30 milhões de pneus são descartados anualmente (ZANZOTTO & KENNEPOHL, 1996).

Estados Unidos - Nenhum país produz mais pneus inservíveis que os Estados Unidos. Estima-se que sejam dispostos 285 milhões de pneus por ano, algo em torno de 4,7 milhões de toneladas, o que representa mais de um pneu, por habitante, por ano. Desse montante, 33 milhões de pneus são recauchutados, 22 milhões são reutilizados (revendidos) e os outros 42 milhões são destinados a diferentes aplicações. Os 188 milhões de pneus restantes são enviados para aterros ou dispostos ilegalmente (HEITZMAN, 1992).

Nesse país, os riscos ambientais vinculados á presença de pneus inservíveis motivaram a criação de legislação específica em nível federal e estadual. No in’ício de 1991, 44 estados decretaram leis para controlar a disposição dos pneus (HEITZMAN, 1992). As leis estaduais regulamentam a aquisição, armazenagem e processamento dos pneus, impõem restrições para armazenagem em aterros sanitários e oferecem incentivos para o desenvolvimento de novas

Alternativas de uso.

Muitos estados americanos proíbem a disposição de pneus inteiros em aterros, só recebendo os mesmos triturados e, ainda assim, cobrando taxas tão elevadas que tornam essa alternativa economicamente proibitiva. Nos estados onde é permitido estocar pneus sem enterrá-los, existem normas que regulamentam o tamanho, a construção de obras de prevenção a incêndios, coberturas e tapumes para que haja o controle adequado desses depósitos.

No Brasil - Ainda não existe nenhuma monitorização do Governo, nem do setor privado, sobre as formas de disposição final dos pneus usados, assim como não há levantamento dos depósitos de pneus abandonados em todo o país. Algumas estimativas indicam que são gerados 35 milhões de carcaças de pneus anualmente (FIORI, 1998) e que existem mais de 100 milhões de pneus abandonados em todo o País (SATO, 1999).

Na maioria das cidades analisadas, o poder público municipal proíbe a entrada dos pneus nos aterros, eximindo-se da responsabilidade de coletar e armazenar adequadamente esses resíduos e contribuindo para a disposição ilegal em terrenos baldios, rios etc. Esse fato também evidencia o descaso das autoridades em relação à saúde pública, pois os pneus proporcionam um ambiente adequado para a criação do mosquito transmissor da dengue e de outros vetores de doenças.

Das cidades contatadas, apenas Piracicaba e Sorocaba possuem controle efetivo do volume de pneus coletados e estocados. Particularmente, as cidades de Piracicaba e Limeira estão empenhadas em encontrar alternativas de utilização para os pneus estocados: controle de erosão em Piracicaba e drenagem de líquidos percolados de aterros sanitários em Limeira. Com relação à reutilização de pneus usados em obras de pavimentação asfáltica, conforme discutido a seguir, apenas a cidade de Santos está construindo ou reabilitando pavimentos utilizando concreto asfáltico com incorporação de pneus usados triturados.

Utilização da Borracha em Pavimentação Asfáltica

No Brasil foi aprovada, em 26 de agosto de 1999, resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente - Conama, que institui a responsabilidade, ao produtor e importador, pelo ciclo total da mercadoria. A partir de janeiro de 2002, fabricantes e importadoras de pneus serão obrigados a coletar e dar destinação final de forma ambientalmente correta para os produtos que colocam no mercado. Pela proposta, o Ibama ficará respons‡ável pela aplicação da resolução, podendo punir os infratores com base na Lei de Crimes Ambientais. Inicialmente, para cada quatro pneus novos fabricados no Brasil ou importados, os fabricantes e importadoras deverão reciclar/reutilizar um pneu inservível.

Muitos países têm desenvolvido legislação para direcionar seus departamentos de estradas de rodagem a investigar a possibilidade de utilização de materiais recicláveis em obras de pavimentação. O governo americano, em especial, têm incentivado a incorporação de borracha de pneus nas misturas asfálticas. Na maioria dos estados americanos, por exemplo, existem leis ou regulamentações que afetam a disposição e a reutilização de pneus.

Incentivos Fiscais - A seção 1038 da Lei sobre a Eficiência do Transporte Intermodal de Superfície de 1991 (Intermodal Surface Transportation Efficiency Act - ISTEA, 1991), que trata do "uso de material reciclado em pavimentação visando a proteção ambiental", estabelece a utilização de um percentual mínimo de borracha reciclada nas misturas asfálticas (em relação ao total produzido), tendo aumentado de 5% em 1994 até 20% em 1997, e assim se mantido nos anos seguintes. A lei garante incentivos fiscais aos Estados que utilizam borracha de pneus nas misturas asfálticas e prevê punições aos Estados que não a obedecerem.

A adição de borracha triturada em misturas betuminosas - além de minimizar os problemas de disposição de pneus em aterros sanitários e, principalmente, de queima ou disposição em locais inadequados - pode também melhorar o desempenho dos pavimentos, retardando o aparecimento de trincas, selando as já existentes e aumentando a impermeabilização proporcionada pelos revestimentos asfálticos.

Como as pesquisas são muito recentes, ainda não existem resultados conclusivos sobre o desempenho dos pavimentos que contêm borracha de pneu triturada. A tecnologia de ensaios, projetos e avaliação de ligantes e misturas modificadas com adição de borracha ainda não é totalmente compreendida. Considerações de projetos tais como: tipo e teor de asfalto, tipo de borracha, granulometria da borracha, temperaturas demistura e compactação, entre outros, estão relativamente indefinidos. Portanto, existe a necessidade de se estabelecer procedimentos padronizados para o projeto e de avaliação de misturas modificadas com adição de borracha reciclada (TROY et al., 1996).

Apoio da Administração Municipal - A Prodesan -Progresso e Desenvolvimento de Santos, empresa de economia mista da Prefeitura Municipal da cidade litorânea de Santos - SP, responsável pela construção e manutenção dos pavimentos asfálticos da cidade, tem recebido apoio da administração municipal para desenvolver estudos visando mitigar o problema da disposição dos pneus no aterro sanitário. Vários trechos de pavimentos construídos em Santos indicam a viabilidade de se utilizar borracha triturada substituindo parte dos agregados pétreos nas misturas asfálticas. Nos trechos construídos, foram incorporadas raspas de borracha obtidas em empresas de recauchutagem. O consumo girou em torno de 30kg de borracha por tonelada de mistura. A figura 1 apresenta dois trechos de pavimentos modificados com adição de borracha de pneus.

No âmbito laboratorial, estão sendo analisados os fatores granulometria dos agregados pétreos, granulometria da borracha (grossa, fina e contínua), teor de borracha (2, 4 e 6% em peso de agregado pétreo), tempo de cura e temperaturas de mistura e compactação. As "respostas" serão obtidas dos ensaios utilizados para avaliação dos fatores intervenientes no desempenho das misturas asfálticas: método Marshall para determinação de estabilidade e fluência, ensaio de compressão diametral dinâmico para determinação do módulo de resiliência e ensaio de fluência por compressão uniaxial ("creep test") estático e dinâmico para avaliação das misturas em termos de resistência à deformação permanente.

Como existem limitações inerentes aos ensaios de laboratório, a avaliação do desempenho das misturas asfálticas com borracha de pneus também se dará através de pistas experimentais submetidas às condições de tráfego e climáticas reais. Através de uma parceria entre a Prodesan e o Departamento de Transportes da Escola de Engenharia de São Carlos - USP serão construídos vírios trechos experimentais em Santos, onde serão considerados diferentes espessuras de revestimento asfáltico, teores de borracha e granulometrias de borracha. Busca-se, dessa forma, contribuir para a solução do grave problema ambiental que é a disposição de resíduos sólidos, pois a reutilização de pneus em larga escala no Brasil vai depender do conhecimento profundo dos aspectos econômicos e técnicos, relacionados ao meio ambiente e ao desempenho como material de construção.

Consideraçães Finais

Na medida em que quase todos os municípios apresentam problemas quanto à disposição final dos resíduos sólidos domiciliares, uma vez que poucos têm aterro sanitário e, dentre esses, muitos já estão com sua capacidade perto do limite, investimentos devem ser aplicados em novas tecnologias, que possam contribuir para a redução do volume e para sua reutilização ou reciclagem. A disposição final dos pneus contribui para agravar ainda mais a situação, pois os pneus apresentam baixa compressibilidade, representam risco constante de incêndios e servem como local de procriação de mosquitos, roedores e outros vetores de doenças.

A falta de recursos para o controle da disposição final e para o estudo de alternativas econômica e ambientalmente viáveis para a reutilização de pneus usados é diretamente proporcional á falta de interesse político. Em outras palavras, o problema está nos critérios para priorização da utilização dos recursos existentes. A situação atual no Estado de São Paulo, conforme resumido neste trabalho, está longe do ideal, mas comeam a surgir evidências de que no futuro próximo prefeituras municipais, fabricantes de pneus, órgãos reguladores e fiscalizadores, universidades e institutos de pesquisas poderão trabalhar em parceria para solucionar o gravíssimo problema que é a disposição final de pneus usados.

RESOLUÇÃO CONAMA N. 258, DE 26.08.99 - Determina que as empresas fabricantes e as importadoras de pneumáticos ficam obrigadas a coletar e dar destinação final, ambientalmente adequada, aos pneus inservíveis existentes no território nacional, na proporção definida nesta Resolução relativamente às quantidades fabricadas e/ou importadas. As empresas que realizam processos de reforma ou de destinação final ambientalmente adequada de pneumáticos ficam dispensadas de atender ao disposto a esta exigência, exclusivamente no que se refere a utilização dos quantitativos de pneumáticos coletados no território nacional.

Os prazos e quantidades para coleta e destinação final, de forma ambientalmente adequada, dos pneumáticos inserv’íveis são os seguintes:

I - a partir de 1º de janeiro de 2002: para cada quatro pneus novos fabricados no País ou pneus importados, inclusive aqueles que acompanham os veículos importados, as empresas fabricantes e as importadoras deverão dar destinação final a um pneu inserv’ível; II - a partir de 1º de janeiro de 2003: para cada dois pneus novos fabricados no País ou pneus importados, inclusive aqueles que acompanham os veículos importados, as empresas fabricantes e as importadoras deverão dar destinação final a um pneu inservível; III - a partir de 1º de janeiro de 2004: a) para cada um pneu novo fabricado no País ou pneu importado, inclusive aqueles que acompanham os veículos importados, as empresas fabricantes e as importadoras deverão dar destinação final a um pneu inservível; b) para cada quatro pneus reformados importados, de qualquer tipo, as empresas importadoras deverão dar destinação final a cinco pneus inservíveis; IV - a partir de 1º de janeiro de 2005: a) para cada quatro pneus novos fabricados no País ou pneus novos importados, inclusive aqueles que acompanham os veículos importados, as empresas fabricantes e as importadoras deverão dar destinação final a cinco pneus inservíveis; b) para cada três pneus reformados importados, de qualquer tipo, as empresas importadoras deverão dar destinação final a quatro pneus inservíveis.

A partir de 2.12.99, fica proibida a destinação final inadequada de pneumáticos inservíveis, tais como a disposição em aterros sanitários, mar, rios, lagos ou riachos, terrenos baldios ou alagadiços, e queima a céu aberto. Os fabricantes e os importadores poderão criar centrais de recepção de pneus inservíveis, a serem localizadas e instaladas de acordo com as normas ambientais e demais normas vigentes, para armazenamento temporário e posterior destinação final ambientalmente segura e adequada. Os distribuidores, os revendedores e os consumidores finais de pneus, em articulação com os fabricantes, importadores e Poder Público, deverão colaborar na adoção de procedimentos, visando implementar a coleta dos pneus inservíveis existentes no País.

COMO COMPOSTAR LIXO ORGÂNICO MESMO EM PEQUENOS APARTAMENTOS

A compostagem é uma técnica milenar, praticada pelos chineses há mais de cinco mil anos. Nada muito diferente do que natureza faz há bilhões de anos desde que surgiram os primeiros microorganismos decompositores. Seguindo o exemplo da floresta, onde observamos que cada resíduo, seja ele de origem animal ou vegetal, é reaproveitado pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas que, em última análise, são o sustentáculo da vida terrestre. Pois bem, quando procedemos com a compostagem estamos seguindo as regras da natureza e destinando corretamente nossos resíduos.


Tradicionalmente a compostagem é vista como uma prática usual em propriedades rurais e centrais de reciclagem de resíduos. No primeiro caso é uma estratégia do agricultor para transformar os resíduos agrícolas em adubos essenciais para a prática da agricultura orgânica. No segundo é uma necessidade administrativa, que tem a intenção de diminuir o volume do material a ser gerenciado além de estabilizar um material poluente.

No espaço urbano existe a crença de que lixo deve ser recolhido pela prefeitura e despejado em algum local onde possa feder e sujar a vontade. Esta realidade perversa está sendo mudada, graças às ações práticas de alguns municípios e pelos avanços nas leis e normas ambientais em nosso país. Mas o que nós cidadãos podemos fazer em nossas casas para colaborar neste processo?

Uma coisa muito boa que podemos fazer em nossas casas e apartamentos é a compostagem. Diferentemente dos agricultores que precisam de adubos para os seus cultivos ou das prefeituras que precisam se livrar desse resíduos; nós em casa podemos começar simplesmente tentando diminuir a quantidade de lixo orgânico emitido para a prefeitura. É claro que só é possível isto em casas onde o lixo é separado.

Entre os muitos modelos de composteira existentes, destacamos os engradados de pvc (lembra das caixas plásticas usadas em supermercados para o transporte das compras?). Com dois ou três engradados podemos montar uma sistema de compostagem bem eficiente e que não ocupa muito espaço. Vamos ver isto passo-a-passo:

Como montar a composteira em espaços mínimos (sacadas e áreas de serviço)

1. Forre por dentro um engradado de pvc (destes que usamos para carregar as compras no supermercado) com uma camada espessa de jornal bem úmido, mais ou menos 6 ou 8 folhas. Depois de acomodar estas folhas de jornal faça furos no fundo.

2. Preencha o fundo deste engradado com composto já pronto e com minhocas. Faça uma camada de mais ou menos 10 cm de espessura. Nos supermercados e em floriculturas encontramos um produto genericamente chamado de húmus de minhoca. Um bom húmus sempre tem alguns ovos e filhotes de minhoca que sobrevivem ao peneiramento e à embalagem.

3. Escolha no seu lixo orgânico algumas porções de cascas de frutas ou folhas de verduras, não muito.

4. Enterre este material no composto. Isto vai servir para avaliar a quantidade de minhocas que existe neste material, já que elas serão atraídas pela comida (lixo orgânico).

5. Cubra tudo com mais uma camada de jornal úmido. O jornal tem que estar sempre úmido, caso contrario roubará água do material que esta sendo compostado e este não ficará pronto em poucas semanas.

6. Providencie uma tampa para o seu composto. Isto evitará a proliferação de moscas e baratas além de servir de barreira para um eventual rato.

7. Agora uma parte bem importante! Observe por alguns dias quanto tempo as pequenas minhocas levam para comer uma determinada quantidade de lixo orgânico. Esta é a capacidade de reciclagem da sua composteira. À medida que as minhocas vão crescendo e se reproduzindo o consumo de resíduo orgânico vai aumentando. Uma minhoca vermelha do composto (Eisenia foetida) pode comer o próprio peso em um único dia, além disso com apenas três meses elas já estão se reproduzindo, podendo depositar um casulo a cada semana. Cada casulo desses pode gerar de quatro a doze pequenas minhocas que já nascem prontas para comer muito pelo resto da vida. Uma composteira doméstica pode ser considerada eficiente quando os resíduos orgânicos somem totalmente em menos de duas semanas. Outra técnica muito usada por jardineiros experientes para avaliar um composto é a quantidade de ruídos que este pode produzir. Difícil de acreditar? Então experimente, quando seu composto estiver produzindo um pequeno ruído que lembra um líquido escorrendo é sinal de que as minhocas estão trabalhando a todo vapor. Daí para a frente é um processo contínuo e crescente.

O que fazer quando a composteira está cheia

8. O que acontece com as composteiras domésticas é que elas sempre têm uma quantidade de material pronto, uma parcela de material em processo de decomposição e uma porção diária de lixo orgânico ainda fresco. Isto dificulta bastante a coleta do material que já está pronto para o uso. Para este problema temos uma solução. Veja a seguir:

9. Um engradado composteira vai sendo lentamente preenchido e as minhocas vão comendo e reciclando material de baixo para cima. Bem, um dia nosso engradado estará completamente cheio, com material já reciclado no fundo e lixo fresco junto à superfície. Isto é inevitável, mas uma maneira de contornar este problema é simplesmente forrar as laterais de um novo engradado e empilhar sobre o primeiro. Assim, dê continuidade ao processo colocando uma porção do composto cheio de minhocas no fundo do segundo engradado e siga o processo normalmente. Desta forma as minhocas continuarão trabalhando no sentido vertical e em algumas semanas a sua primeira caixa estará completamente reciclada e você terá mais ou menos 25 Kg de adubo orgânico de primeiríssima qualidade.

Onde colocar a composteira

10. A composteira de engradados de pvc não deve ser colocada em locais sem ventilação. Não devemos desperdiçar locais ensolarados com a comnpostagem que dispensa a luz solar; as plantas sim precisam dela. Os engradados de compostagem devem ser colocados sobre um suporte que pode ser desde de um simples e pouco eficiente jornal, até bandejas ou caixas que possam coletar e canalizar o chorume (líquido que escorre do composto) completamente. Um bom composto deve produzir muito pouco ou nenhum chorume. Mas quando regamos o composto no verão isto é inevitável. Por garantia podemos acomodar nossos engradados sobre uma bandeja plástica, de metal ou de madeira, de pelo menos 5 centímetros cheia de brita, cascalho ou areia bem grossa. O importante é que o composto tenha o mínimo contato com o chorume.

11. Sofisticando um pouco mais podemos construir um suporte de concreto ou tijolos e cimento que tenha pelo menos 40 centímetros de altura e onde possamos encaixar os engradados. Devemos cuidar para tenha um dreno (furo) no fundo e então podemos preencher metade da altura com carvão vegetal (aquele que compramos para fazer churrasco) e logo por cima despejamos a mesma quantidade de brita, e por cima da brita acomodamos os engradados. Desta forma o eventual chorume escorre pela brita até a camada de carvão onde é desodorizado e ligeiramente filtrado. Evitando sujeira na sacada ou na área de serviço. Para composteiras feitas diretamente na terra este problema praticamente não existe já que o solo absorve o chorume.

O que pode ser compostado e como usar o composto gerado

12. Praticamente qualquer coisa orgânica é passível de compostagem. Preferencialmente devemos usar os resíduos orgânicos vegetais crus gerados em nossa cozinha, os restos de comida podem e devem ser compostados, porém devemos lembrar que o sal pode diminuir a qualidade de nosso composto tornando-o mais salino do que o conveniente. Pensando ecologicamente o certo é não termos restos de comida, um pouco de organização pode evitar desperdícios e viabilizar a prática da compostagem domiciliar de forma totalmente eficiente. Mas quando não conseguimos comer tudo o que preparamos o destino mais adequado para os restos de comida é a composteira. Ossos podem ser compostados, principalmente os cozidos. Já a carne crua não é o melhor material pois pode cheirar mal dentro da composteira. O jornal e outros papeis velhos podem ser usados sem problemas, mas devemos lembrar que o jornal limpo se presta muito mais para a reciclagem (fabricação de um novo papel) do que para a compostagem. Então devemos usá-lo com sabedoria.

13. A compostagem de resíduos sanitários (papel higiênico, fraldas, absorventes,...) fica reservada para experts em compostagem, quem sabe um dia!

14. Após o composto estar pronto você pode usá-lo em suas flores, folhagens, hortaliças e temperos. Aplique de acordo com a necessidade de cada espécie de planta. Samambaias em geral e folhagens tropicais gostam de doses bem fartas de composto, algo em torno de um quarto do volume do vaso ou da floreira. Devemos repor um pouco de composto na superfície a cada estação, e depois de um ou dois anos é melhor refazer tudo (esta recomendação não vale para todas as plantas). Em gramados podemos usar até cinco quilos por metro quadrado no final do inverno e nas violetas no início de cada estação devemos aplicar na superfície da terra uma colher de sopa bem cheia de composto, misturada com uma colher de cafezinho, de farinha de osso (faça a sua com cascas de ovo ou compre uma de boa qualidade). Vale lembrar que plantas aromáticas gostam de solos bem drenados e com pouco composto (use a farinha de osso nestas plantas também).

15. Um engradado de pvc é capaz de compostar o resíduo orgânico gerado por até três pessoas. Para uma família maior é só aumentar o número de caixas. É preferível fazer duas pilhas de engradados do que empilhar muitos. Se a família dispõe de um pátio com terra poderá optar por um modelo mais convencional de composteira feita de tijolos ou madeira. Tijolos bem empilhados podem gerar uma ótima composteira mas por segurança podemos uní-los com cimento ou barro bem amassado. Composteiras de quintal devem ser feitas uma ao lado da outra formando compartimentos que vão sendo preenchidos com resíduos orgânicos um de cada vez. Assim, as minhocas vão reciclando o material a cada compartimento preenchido, seguindo o mesmo procedimento anterior.

Ensine para as crianças e também para seus amigos que a compostagem domiciliar é uma continuidade da separação do lixo, e coopera com a coleta seletiva para a diminuição dos aterros sanitários e lixões. No composto as crianças poderão aprender muitas coisas sobre a natureza com os muitos tipos de pequenos animais e fungos que surgirão junto com as minhocas. Os ácaros, tatuzinhos, besouros, pequenas aranhas e tantos outros animais do composto são essenciais para este processo, eles formam um pequeno ecossistema que vai se equilibrando com o tempo. Até as formigas ajudam quando não estão em excesso. Como podemos ver a compostagem é uma prática interessante, viável na maioria dos espaços, e (por que não dizer?) um ato de cidadania, especialmente quando fazemos isto pensando em todo o nosso lixo orgânico que ao invés de feder e poluir vai gerar mais verde e mais vida. Não é incrível termos um pequeno ecossistema dentro de casa? Boa sorte!